As exposições da Fundação AFID Diferença são a ponta visível de um enorme icebergue desenvolvido diariamente nas suas oficinas artísticas. Entre sorrisos, conversas, observação e trabalho, vão nascendo obras onde os nossos artistas projetam a sua personalidade, superando o estigma da deficiência. Sem as exposições este trabalho não seria visível ao público e daí o empenho com que a AFID cultiva parcerias que nos permitem dá-lo a conhecer o máximo possível.
A resumir o ano de 2019, contamos pelo menos sete exposições, para além da participação em concursos nacionais e um calendário repleto de outros projetos e eventos.
Esta possibilidade que se tem vindo a consolidar, de ter várias exposições a decorrer no mesmo ano, assegura o nosso compromisso prioritário de providenciar a todos os autores que passam nas oficinas da Unidade Artística uma oportunidade de ver o seu trabalho dignamente exposto (e são mais de 50 os que participaram nas várias exposições este ano!). Esse é o nosso foco em mostras abertas como a que teve lugar em Outubro no Palácio Baldaya, em Benfica, ou em Novembro no ISCTE. Mas acima de tudo, temos oportunidades suficientes para dar um passo mais ambicioso que é o de pensar algumas dessas exposições a partir de temas que transcendem o cariz institucional, isto é, selecionar um conjunto de trabalhos a partir de um mote ou referente espontâneo e lançar para esse propósito o desafio de se criarem peças inéditas. Quando assim é, pode acontecer, como de facto aconteceu, serem selecionadas para a mesma exposição várias obras de um só autor e nenhuma de outro. Esta situação que poderia facilmente ser vista como injusta não tem gerado qualquer controvérsia, não só porque estão asseguradas as possibilidades de expor, mas também espelhando a confiança entre colegas e o sentimento coletivo partilhado por todos.
Das várias exposições temáticas, “Quatro ao Quadrado” ganhou este título por juntar pela segunda vez quatro instituições que trabalham com pessoas com deficiência ou doença mental no concelho da Amadora – AFID, AMORAMA, CERCIAMA e RECOMEÇO. A ocasião foi celebrada com a pintura de um painel coletivo onde participaram artistas de todas as instituições. Para além de receber os seus trabalhos, a mostra que teve lugar na Galeria Artur Bual em Fevereiro, foi também palco para várias tardes de encontros com apresentações de teatro e dança. Uma instalação composta por várias peças de roupa, que foram então desfiladas pelos próprios autores, assinalou a primeira participação do atelier de costura nas exposições da AFID.
No mês de Abril, A Fábrica das Histórias – Casa Jaime Umbelino abriu as suas portas para a nossa primeira exposição na cidade de Torres Vedras. “InTempo – Sempre a Mesma História” juntou um conjunto de trabalhos inspirados em histórias que falam da passagem do tempo. Foi aqui que estreou a peça “Damiel”, com a participação das salas do ocupacional, e a primeira instalação composta pelas “Essências” – trinta esculturas perfumadas em forma de flor criadas em parceria pelos ateliers de cerâmica e papel. É de salientar o trabalho fantástico realizado pela equipa desta casa que não se limitou a acolher os nossos trabalhos mas incansavelmente os fez mostrar a escolas e instituições do concelho e outros públicos com quem trabalha regularmente, criando dinâmicas e oficinas pensadas a partir da exposição. Neste espaço pudemos também revisitar uma versão mais bucólica da instalação “Penélope”, que conhecemos pela primeira vez no Teatro Thalia em 2018, e foi precisamente no Teatro Thalia que fomos convidados a repor esta mesma exposição em Agosto. Desta vez com o título abreviado “InTempo”, a reconfiguração das mesmas peças no imenso salão do Conde de Farrobo criou um percurso com uma presença mais imponente e austera. Destaque ainda para as “Mudas”, peça já antiga mas sempre enigmática e que foi figura de cartaz nas duas exposições. Ambas contaram também com o arranque enérgico da AFIDritmo na inauguração.
Julho foi pontuado com uma mostra muito especial na carismática Casa-Museu Medeiros e Almeida. “Grande Pequeno Maior” foi um exercício complexo que juntou mais de cem trabalhos em conjuntos improváveis. Ao ritmo das três palavras, obras de dimensões opostas colocadas lado a lado sugeriram uma reflexão sobre a nossa capacidade de entender a grandeza das coisas pequenas ou, acima de tudo, o contributo indispensável que elas representam para as coisas grandes. Destaque para um conjunto de trinta desenhos abstratos do Rogério Gomes, cheios de cor e vitalidade mas ao mesmo tempo povoados por símbolos que parecem codificar uma verdade matemática incompreensível. Nessa mesma sala, introduzida por telas abstratas onde o Diogo Barata imprime as suas mãos, os gestos imensos do Miguel Tintas estendiam-se ao longo de vários quadros, coroados pelas suas três “Portas”. Um momento importante da exposição deve-se ao João Justo com quatro figuras pintadas sobre portas esmaltadas em diálogo com um pequeno desenho de uma casa. Outra parede enorme foi ocupada pela série de nove quadros que a Rita Silva dedica aos seus ícones televisivos. Outros conjuntos justapõem motivos adversários mas que se complementam, como a representação de jogadores de várias equipas de futebol do Luís Ferreira ou os super-heróis do Marcelo Durão e do Luís Pezinho. Por fim, o “maior trabalho mais pequeno” pertence à Joana Coelho, a representação de uma arara com o tamanho de um pequeno selo postal, testemunho de uma grande viagem.
A última exposição temática deste ano teve lugar em Outubro no Museu do Oriente. “Lagarto Pintado” partiu de uma pintura do Nuno Geada (o tríptico “Mãe Dinossaura”) para juntar desenhos de outros lagartos, dragões, elefantes e criaturas da fantasia dos nossos autores ao encontro do imaginário oriental. Para além de vários desenhos e pinturas, uma peça de tecelagem, outra de papel dobrado em Origami e uma escultura de cerâmica, o percurso da exposição culminava com uma figura enorme, alusiva a um dragão, o próprio “Lagarto Pintado”, feita de várias peças suspensas. Em redor da coluna da sala serpenteava o corpo formado por telas antigas sobre placas de cartão – pinturas já irrecuperáveis e que encontraram nesta configuração uma nova vida. A espreitar o corredor de acesso, a cabeça deste lagarto resultou da colaboração das oficinas de papel, cerâmica, tecelagem e costura. Foi concebida pela junção de vários esboços individuais dos nossos autores. O grupo AFIDance embelezou a inauguração desta exposição com uma coreografia inédita.
Podemos ainda referir a nossa participação habitual no concurso Arte e Criatividade em Almada, que este ano resultou em 3 prémios atribuídos: o Bruno Ramadas ganhou o primeiro lugar com o quadro “Miguel Duarte no Mediterrâneo”, inspirado no modelo de solidariedade e coragem que se tornou mediático no Verão. Noutra faixa etária, a Isabel Silva ganhou o segundo prémio com a aguarela “O Pai e a Mãe a Passear no Jardim” e ainda nos trabalhos coletivos, a Filipa Santos e a Ana Rita Pimenta conquistaram o segundo lugar com a “Catedral de Saint Martin”, uma tela original e a sua reprodução em têxtil. Outro momento de destaque deste ano foi a participação dos nossos artistas no mural “Tu e Eu Felizmente Diferentes” na FCT, em colaboração com várias escolas e instituições da Grande Lisboa e coordenado pelo professor João Silva.
Importa, por fim, deixar um agradecimento especial aos responsáveis e equipas dos diversos espaços onde fomos recebidos, à direção da AFID pelo apoio incansável e pelos desafios lançados, a toda a equipa da Unidade Artística pela cumplicidade e determinação, à AFIDance e AFIDritmo que traduzem em gestos e sons as nossas cores e formas, e, evidentemente, aos nossos pintores, escultores, artesãos e artistas incansáveis, que enchem os dias de energia criativa, motivação e novos olhares sobre o mundo.
Texto da autoria de: Nuno Lacerda, Monitor do Atelier de Pintura do CAO da Fundação AFID Diferença
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