A inclusão pela Arte

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A arte é um conceito, que num determinado nível sublima a invulgaridade de uma personalidade, gerando reconhecimento! A inclusão é uma atitude que na prática da sua excelência, reconhece e derruba as barreiras dos pré-conceitos inerentes à individualidade, devolvendo-lhe todo o potencial. Não existe por isso expressão de arte mais sublime que a própria inclusão.

Mas como toda a excelência, arte e inclusão trilham um caminho longo e por vezes de difícil travessia. Falar de inclusão é falar de sonhos e aspirações pessoais, materializados, aceites e sobretudo reconhecidos pelo outro. Define uma intenção que pode desencadear uma ação, a partir dos ideais e aspetos que desejamos possuir ou realizar. E, independentemente do que se deseja, ultrapassada a fase da intenção, entraremos no longo processo que a inclusão exige.

A inclusão é, na verdade, uma parceria feliz de muitos contextos da vida de pessoas que se agrupam nos mais variados aspetos da sociedade. Todos ganhamos quando somos aceites e reconhecidos porque todos possuímos de facto grandes talentos que se multiplicam quando partilhados. E a inclusão só acontece realmente quando revelamos e reconhecemos no outro, o valor do seu potencial. Quem passa por todas as experiências que uma espectativa exige, com resultados positivos, é realmente uma pessoa mais feliz.

A expressão artística, tal como a inclusão, nao deixa de ser uma aspiração pessoal

A arte, por sua vez, é outro caminho sinuoso. A expressão artística, tal como a inclusão, nao deixa de ser uma aspiração pessoal, um enorme desejo de ver materializado um sonho, de ver reconhecida uma ideia. E é curioso, como a realização e o sucesso de ambas, dependem sempre do reconhecimento de terceiros. Nada é mais desastroso para a construção de uma personalidade sã, que a sua singularidade condicionada à imensurável discriminação pelo outro, que infelizmente ainda é praticada.

A arte não subsiste se não for incluída e a inclusão não se sustenta sem arte na sua implementação. Ambas são sinónimas de realização, reconhecimento e satisfação pessoal. E é uma área fundamental na construção de uma inclusão eficiente. A arte é terapêutica, modeladora e reveladora de sentimentos e saberes. Ao modelar e conformar, fazer e desfazer, recriar e reciclar, estamos enquanto grupo a conhecer e a aprimorar as nossas competências pessoais, transformando o talento natural em aptidões necessárias a uma vida plena.

A partilha e a cooperação são por excelência as melhores formas de nos complementarmos através de sinergias estabelecidas ao longo do tempo, algo que se adquire através do conhecimento e da confiança nas singularidades que de cada um oferece ao outro constantemente.

A arte e a inclusão são estádios intermitentes e exigem uma árdua batalha

Reconheço através da minha feliz experiência no grupo da Oficina de Cerâmica, a sua extrema importância no quotidiano dos jovens ceramistas com quem trabalho. A arte e a inclusão são estádios intermitentes e exigem uma árdua batalha no caminho que nos conduz paulatinamente às nossas tão distintas realizações pessoais.

A oficina de cerâmica concede-nos o privilégio de uma ambiência criativa, não só pelos objetivos que a própria oficina cultiva, mas sobretudo pelos sentimentos abaláveis e diferentes que todos os dias se manifestam, neste espaço de envolvências tão práticas como emocionais.

Quem convive com tantas singularidades, sabe o quanto a criatividade é importante na construção do quotidiano. A arte é por excelência uma poderosa ferramenta multidisciplinar e poucas são as vezes que a sua intervenção apenas se manifesta nos resultados finais. Cada fase dos inúmeros processos cerâmicos, é um convite à expressão de emoções e motivações, que definem nas nossas formas de estar, de ser, de fazer e de sentir. E a cerâmica é por excelência uma ferramenta que exclui a possibilidade de desistência criativa, devido à constante experimentação que promove. Experiências com resultados tão imediatos, quanto geradoras de novas espectativas práticas e emocionais, que recriam todos os dias a motivação necessária à integração satisfatória num grupo tão especifico.

Uma oficina plena de inspiração nas pessoas e nas suas acções que, pela qual se excedem expectativas a caminho de uma inclusão feliz.

A cerâmica tem uma enorme versatilidade de tarefas

E é no dia-a-dia, que nos surpreendemos com as importantes manifestação que a arte nos oferece, incidindo sobretudo na construção dos nossos sonhos e aspirações, imprimindo nos nossos ritmos, uma inspiração por vias improváveis e imprevisíveis. Invariavelmente, é nas constantes insatisfações que descobrimos o potencial das nossas intensas e fabulosas diferenças. É de facto com muita arte, que absorvemos a sua exuberância ao investir no que cada um tem de melhor. É com arte que na individualidade de cada um e todos juntos, concebemos e desconstruímos objetivos, conceitos, experiências e aspirações. A cerâmica tem uma enorme versatilidade de tarefas e uma complexidade de processos que se assemelham às vivências e transformações humanas. É através da modelação e por modelagem, através de rotinas e desacertos, de sucessos e retrocessos, que vão sendo contruídas estreitas ligações que abastecem as intensas e abundantes emoções criativas construtoras de pequenas e grandes realizações.

Somos uma oficina inclusiva? Claro que somos. Incluímo-nos com arte em todos os momentos de construção, observamos em conjunto todas as necessidades, todas as vontades, todas as ousadias. Porque somos um grupo onde todas as diferenças contam, todos os timings se ajustam, todas as emoções se consolidam, a todas as horas em todos os dias!

Neste espaço, Arte é uma ideia estapafúrdia! E uma gargalhada reativa, um defeito num difícil processo de construção. Arte é ganho, é acrescento e felicidade sobre um dia cheio de contradições e harmonias. Arte na oficina é o resultado de ações sensíveis, reconstruídas vezes sem conta e resolvidas de forma inesperada, imprecisa, fora da caixa.

Nem todos somos artistas, de facto não somos, mas todos podemos conduzir com arte as ações e atitudes que determinam o sucesso dos nossos objetivos e aspirações. É sempre com arte que se criam as formas e os reconhecimentos que compõem uma inclusão que se quer constante nos nossos quotidianos, aqui e ali, dentro da oficina e fora dela. A Arte instrui-nos na perfeição e a inclusão sublima-nos na Excelência!

Texto de: Cristina Santos, Responsável pela Oficina de cerâmica do Centro Atividades Ocupacionais da Fundação AFID Diferença

Atualizado em 22-Jan-2018 | Partilhar:

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